Introdução
Numa sociedade que minimiza e/ou nega a existência das neurodivergências, muitos cuidadores também negligenciam suas próprias necessidades físicas, mentais e emocionais. Hoje, ao ler depoimentos e relatos de pais, especialmente mães, sobre a evolução dos tratamentos de seus filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), fiquei reflexiva. Cada palavra e comemoração eram marcadas por descrições singelas como “hoje ele não colocou as mãos no bolso” ou “ele começou a ir ao banheiro sozinho”. A alegria “agridoce” de ser mãe, pai, avó ou cuidador é evidente. E surge a questão: quem cuida deles?
Contexto Histórico e Legal
Buscamos a proteção e a garantia dos direitos das pessoas com TEA, mas, antes delas, vêm os pais e a família. Eles são peças-chave que demandam amor, dedicação e um apoio dentro e fora de casa, imprescindíveis para que, na prática, o que se aprende nas terapias resulte em progresso.
Direitos Garantidos por Lei
Existe um Projeto de Lei em andamento, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos – o PL 2198/2023 –, que cria o Auxílio-Cuidado no valor de R$ 500,00 mensais, destinado aos responsáveis por pessoas com TEA severo, integrantes de famílias monoparentais (ou seja, apenas a mãe ou apenas o pai cuida sozinho) e de baixa renda. A proposta, que aguarda relator na Comissão de Assuntos Econômicos, visa o bem-estar de quem cuida, o que também é de interesse de toda a sociedade.
Dos Desafios
Pais, mães, avós e tutores enfrentam inúmeros desafios e frequentemente são levados à exaustão física e emocional. É de grande importância buscar uma rede de apoio, seja através de grupos de mães, atividades como meditação, yoga, zumba, ou até atendimento psicológico oferecido pelas secretarias. Esse suporte não apenas melhora a qualidade de vida deles, mas também reflete positivamente no desenvolvimento das pessoas com TEA sob seus cuidados.
Conclusão
Escrevo para vocês, cuidadores, e digo: eu vejo você! Quanto melhor você estiver e se sentir, mais transmitirá confiança, esperança e energia de vida. Busque sua rede de apoio, aceite ajuda e cuide-se. Este alerta já foi dado há tempos. Enquanto aguardamos o próximo passo do PL 2198/2023, lembre-se: nos momentos em que faltar oxigênio, coloque a máscara primeiro em você, para então ajudar o outro. Cuide-se e permita-se ser cuidado. Aceite ajuda!
Referências
- Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)
- Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei nº 12.764/2012)
- Projeto de Lei 2198/2023
Todo o conteúdo deste artigo é de responsabilidade da autora, Alessandra Tebar Palhares. Agradecemos pela sua contribuição e perspectiva.
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