A Importância Do Laudo Médico Na Garantia Dos Direitos Do Autista

Entenda o impacto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a crucialidade de um laudo médico detalhado para garantir os direitos e o bem-estar de indivíduos com TEA no Brasil. Saiba mais sobre os direitos assegurados, o papel do laudo médico na inclusão social e como a detecção precoce e suporte adequado podem promover uma melhor qualidade de vida. Descubra as barreiras enfrentadas e a importância da conscientização para uma sociedade mais inclusiva.

O Transtorno do Espectro Autista – TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que altera a percepção do mundo para as pessoas com esse diagnóstico. De modo que o autista tem dificuldade de compreender o mundo ao seu redor, caracterizando um comprometimento/atraso na fala, no aprendizado, na interação social, com comportamentos repetitivos (estereotipias). Nesse contexto, o relatório/laudo médico bem específico e detalhado desempenha um papel fundamental para a garantia dos direitos da pessoa autista.

No Brasil, a pessoa diagnosticada com TEA tem uma série de direitos em diversos âmbitos, mas para a efetivação destes direitos, faz-se necessário um minucioso laudo, elaborado pelo médico assistente, confirmando o diagnóstico do TEA, bem como as comorbidades, o histórico em saúde, as dificuldades e o tratamento, bem especificados, inclusive com os respectivos CID’s, entre inúmeras outras informações que forem necessárias.

O laudo médico é o principal documento da pessoa com TEA, o qual atesta o diagnóstico e dificuldades do paciente, que servirá de fundamentação para a garantia de todos os seus direitos. O laudo médico assegura, por exemplo, a garantia ao atendimento prioritário, ou seja, seu atendimento é IMEDIATO, em caráter URGÊNCIA. De modo, que nem o SUS e nem os planos de saúde podem limitar, dificultar ou recusar o tratamento a pessoa com TEA.

O reembolso de despesas com o tratamento, consultas, exames e medicamentos é realizado com base no tratamento prescrito no laudo médico. Por exemplo, se o laudo médico deixa claro que a pessoa com TEA precisa de 5 horas semanais com fonoaudiólogo, o plano de saúde só irá reembolsar as 5 horas prescritas pelo médico. Se o laudo não deixar claro as horas necessárias, o plano de saúde não tem a obrigação de reembolsar, uma vez que não há parâmetro para o reembolso.

A criança com autismo também tem direito ao Acompanhante Terapêutico (AT) na escola, de forma ESPECIALIZADA e INDIVIDUAL. Ele acompanhará a criança com TEA, auxiliando no desenvolvimento de autonomia, tarefas e socialização, de modo a promover a inclusão da criança com TEA no ambiente escolar. Entretanto, a necessidade deste profissional em sala de aula é uma exigência médica. Uma vez que nem todos os autistas irão precisar do Acompanhante Terapêutico.

Para isso, o laudo médico tem que prever a necessidade do Acompanhante Terapêutico de modo correto, ou seja, usando esta denominação “Acompanhante Terapêutico” e ressaltar que seja “Especializado e Individualizado”. Caso contrário, a escola entende que um auxiliar, sem qualquer preparo, já seria suficiente. O autista não precisa de “babá”, ele precisa de atenção especializada, a qual auxilie no desenvolvimento de sua autonomia no ambiente escolar.

As pessoas com diagnóstico de TEA enfrentam obstáculos sociais diversos que podem prejudicar o seu desenvolvimento e seu envolvimento na sociedade. Porém o laudo médico serve para atenuar tais barreiras e prover uma base sólida para a compreensão clara das necessidades do indivíduo, ajudando também a própria sociedade na conscientização sobre TEA.

Além do suporte a saúde e a educação, ainda são direitos da pessoa com TEA:

– ⁠Carteira de identificação de TEA;

– ⁠Prioridade no atendimento em lojas, supermercado, banco;

– ⁠Vaga especial nos estacionamentos públicos;

– ⁠Isenção de IPVA, IPI e ICMS na compra de carro popular;

– ⁠Passe livre no transporte público, urbano e interestadual;

– ⁠Desconto de 80% em passagens aéreas, para o acompanhante;

– ⁠Redução  na jornada de trabalho para os pais que sejam servidores públicos;

– ⁠Estudar em escola regular de ensino;

– ⁠Prioridade na tramitação dos processos judiciais e administrativos;

– ⁠Planejamento pedagógico individualizado;

– ⁠Adaptação para acessibilidade;

– ⁠Educação profissional;

– ⁠Benefícios previdenciários, como Aposentadoria e BPC/LOAS;

– Isenção de Imposto de Renda;

– Reserva de vagas em concurso público.

Entretanto, tudo dependerá do médico elaborar um bom laudo. Em algumas situações o médico ainda tem que preencher formulário específico para a garantia do direito.

Embora o laudo médico seja de suma importância, cabe destacar que sua obtenção nem sempre é fácil. Em algumas regiões existe a falta de profissionais especializados, longos períodos de espera até a primeira consulta, e os custos associados são alguns dos obstáculos enfrentados.

Não menos importante, o laudo médico também  é fundamental na formulação de políticas públicas por parte dos legisladores, para uma melhor compreensão da situação social da comunidade autista.

A pessoa com TEA é legalmente considerada uma Pessoa com Deficiência, para todos os fins de direito. Muitas famílias não sabem dos direitos que são assegurados por lei. É importante que a família da pessoa diagnosticada com TEA tenha conhecimento sobre seus direitos, para que possa reivindicá-los quando necessário.

A busca por uma sociedade inclusiva para a comunidade autista exige colaboração do governo, instituições e sociedade em geral, para que, assim, possam proporcionar aos autistas a garantia de seus direitos fundamentais e maior participação perante a sociedade.

Desta forma, com o diagnóstico precoce e laudo médico bem específico e detalhado sobre as necessidades particulares, faz com que haja a abertura de uma série de serviços, adaptações e acomodações necessárias, para que a pessoa com TEA tenha uma vida plena, e seus direitos garantidos por Lei, e qualidade de vida no que tange a sua participação em sociedade, proporcionando-o bem-estar social.

Ao final, a sociedade irá perceber, que a pessoa com TEA faz mais bem aos típicos, educando-os e desenvolvendo sua habilidade de compaixão, do que os típicos fazem para a inclusão do autista.

Todo o conteúdo deste artigo é de responsabilidade da autora, Aline Fonseca. Agradecemos pela sua contribuição e perspectiva.

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