Um dos aspectos mais desafiadores para os pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é lidar com o complexo de culpa que muitos enfrentam. É comum que os pais se perguntem o que poderiam ter feito de diferente ou se poderiam ter evitado o diagnóstico de seus filhos.
Com 25 anos de experiência como professora de Língua Portuguesa e 10 anos de atuação na educação infantil, além de duas pós-graduações em Gestão e Supervisão Educacional pela FEUC – RJ, tive a oportunidade de lidar com pais de alunos adolescentes e crianças, de classes sociais diversas. Ao constatarem o transtorno em seus filhos, muitos desses pais compartilhavam relatos de culpa. Curiosamente, o que os diferenciava não era a classe social, mas sim a visão religiosa: para católicos e protestantes, o transtorno era visto como consequência de erros passados—noites mal dormidas, vícios, até os mais comuns, como o consumo de cerveja e cigarro. Para espíritas, tratava-se de um karma ou reparação de vidas passadas. Outros, como umbandistas, messiânicos e budistas, também se julgavam culpados de alguma forma.
No entanto, é fundamental que os pais compreendam que o TEA não é causado por suas ações ou omissões. É uma condição complexa e multifatorial, e o apoio dos pais é essencial para o desenvolvimento e bem-estar de seus filhos. Além disso, buscar os direitos da criança com TEA, como acesso à saúde, educação, tratamentos e benefícios, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é crucial para garantir uma vida plena e digna.
No Brasil, segundo dados do IBGE, houve 2 milhões de autistas diagnosticados em 2023. De 2022 a 2023, o número de crianças e adolescentes com TEA aumentou 50%, passando de 405.056 para 607.144—200 mil novas matrículas—segundo dados do Censo de Educação Básica. No município do Rio de Janeiro, no último ano, houve 1.000 novas matrículas de alunos com TEA, representando um aumento de 48% em relação ao ano anterior. Em Itaguaí, no mesmo período, cerca de 500 crianças com Transtorno do Espectro Autista foram matriculadas na rede municipal de ensino.
Esses números e percentuais demonstram que, nos últimos anos, houve um aumento significativo de diagnósticos, refletindo a importância de maior compreensão e suporte para essas pessoas. As condições contempladas pelo BPC LOAS são variadas e abrangem uma série de situações que afetam a capacidade de trabalho e autonomia das pessoas.
Minha experiência profissional contribuiu para que eu desenvolvesse uma abordagem sensível e informada em relação ao tema do autismo, especialmente no trato com pais e responsáveis. É importante ressaltar que não existem culpados no tocante ao TEA; porém, é crucial buscar a orientação de um advogado especializado na área do BPC LOAS para garantir que os direitos do seu filho sejam plenamente reconhecidos e respeitados. Um profissional qualificado poderá orientá-lo sobre os procedimentos legais e garantir que você esteja bem informado sobre seus direitos e as melhores formas de assegurar o bem-estar da criança ou adolescente.
Todo o conteúdo deste artigo é de responsabilidade da autora, Rosangela de Paiva. Agradecemos pela sua contribuição e perspectiva.
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